FGTS emergencial: Caixa estende o prazo para pedir saque de até R$ 1.045

A Caixa Econômica Federal anunciou que vai reabrir a possibilidade de saque do FGTS emergencial para quem ainda queira sacar o dinheiro. Assim, alguns brasileiros poderão contar com o benefício para ter um dinheiro extra neste final de ano.

A Caixa abriu, em junho, a possibilidade de saque de até R$ 1.045 do FGTS –foi o chamado Saque Emergencial do FGTS. Porém, muitas pessoas não solicitaram o dinheiro até o prazo máximo de 30 de novembro. Por isso, o banco anunciou uma nova etapa para o saque, que vai de 7 a 31 de dezembro.

É possível solicitar o benefício os trabalhadores que têm ou já tiveram carteira assinada e não utilizaram o total do Fundo de Garantia nos saques anteriores

O trabalhador precisa baixar o aplicativo do FGTS (disponível para iOS e Android) e informar que tem interesse em receber o FGTS Emergencial. O valor será repassado para a conta digital Caixa Tem. O aplicativo é o mesmo utilizado para receber o auxílio emergencial.

Quem fez a solicitação e não recebeu o valor deve atualizar os dados cadastrais no aplicativo da Caixa e confirmar o interesse em receber o dinheiro.

Movimentação

A movimentação poderá ser feita pelo aplicativo Caixa Tem para pagar boletos ou contas, ou utilizar o cartão de débito virtual e QR code para fazer compras em supermercados, padarias, farmácias e outros estabelecimentos.

Com um código gerado no aplicativo Caixa Tem, também será possível fazer transferência ou saque em espécie nos terminais de autoatendimento da Caixa e nas casas lotéricas.

Alguns desafios que as empresas enfrentam hoje

Vivemos dias em que as mudanças ocorrem de forma rápida e inovadora, especialmente para as empresas. Em uma única geração, as empresas tiveram que se adaptar a canais de marketing inteiramente novos, decidir como investir e utilizar novas tecnologias e competir em um cenário global – coisas que nossos avós e pais dificilmente poderiam imaginar.

O efeito colateral dessas mudanças rápidas e crescimento é que nenhum empresário sozinho, pode ser um especialista em tudo. Talvez isso sempre tenha sido verdade, mas nunca foi tão aparente.

Listarei aqui, apenas alguns dos desafios que vejo as empresas enfrentando:

Atendimento ao Cliente

Isso de fato é algo crucial e que sempre é destaque quando o assunto é crescer e ser referência. Em um mundo de gratificação instantânea, os clientes esperam atendimento instantâneo, e detalhe, podem através da web compartilhar seu descontentamento com um serviço menos que satisfatório com a mesma rapidez. É possível chegar à conclusão do quanto isso é desafiador para as empresas, pois se faz necessário, não só atender bem, mas surpreender e superar as expectativas de seus clientes a cada dia.

Gestão financeira

Muitos empresários que conheço são pessoas com ideias; isso significa que eles são ótimos no quadro geral e no pensamento criativo, mas menos bons com coisas como fluxo de caixa, margens de lucro, redução de custos, financiamento, etc. Essa é uma área tão importante quanto as demais e não pode ser ignorada. Conhecer seus números é peça chave para elaboração de novos planejamentos e tomadas de decisões assertivas.

Regulamento e conformidade

Conforme os mercados e as tecnologias mudam, também mudam as regras e regulamentos. Sendo assim, é de extrema importância que os profissionais que apoiam o empresário, que fazem parte de seu time estejam constantemente atualizados. Não tem como negligenciar treinamentos e capacitações, pois uma equipe engajada e bem estruturada proporcionará melhores resultados a organização.

Monitoramento de desempenho

É imprescindível obter um conjunto significativo de indicadores de desempenho arredondados que forneçam aos negócios, informações sobre como está seu desempenho. Muitos empresários que conheço não é especialista em como desenvolver indicadores de desempenho, como evitar as principais armadilhas e como comunicar da melhor forma as métricas para que informem a tomada de decisões. Na maioria dos casos, as empresas contam com indicadores financeiros excessivamente simples que apenas obstruem os canais de relatórios corporativos ou simplesmente não possuem indicadores relevantes.

Competências e recrutamento do talento certo

Novamente, uma empresa de pequeno ou médio porte pode não precisar de recursos humanos em tempo integral ou de recrutamento de pessoal, mas durante os períodos de pico de crescimento, encontrar as pessoas certas e desenvolver as habilidades e competências certas é a chave para um futuro sustentável. Contratar um profissional com experiência para encontrar exatamente os trabalhadores de que você precisa seria um investimento inteligente. Talvez seja a hora de você contar com o apoio de um escritório de contabilidade ou um profissional exerça com maestria dessa tarefa.

Incerteza sobre o futuro

Há um grande desafio nessa questão, pois de faz necessário ser capaz de prever tendências de clientes, tendências de mercado, etc. Isso é vital para um clima econômico em mudança. Muitas vezes faz-se necessário o apoio de um profissional, para ser mais precisa, um consultor treinado para ler e prever essas tendências importantes, isso com certeza pode ser a diferença entre um futuro brilhante e um obscuro.

Tecnologia

Não é novidade para ninguém que a internet chegou para ficar e como a tecnologia muda praticamente na velocidade da luz, as empresas precisam inovar, senão ficarão para trás. Estar atualizado e investir em software são algo primordial. As empresas precisam buscar equipamentos, ferramentas e estratégias que melhor atenda suas necessidades nesse quesito.

Saber quando abraçar a mudança

É compreensível que nem tudo que é novo é melhor, mas evitar todas as mudanças corre o risco de se tornar obsoleto. É importante que o empresário tenha uma mente aberta e uma visão 360° com relação ao seu negócio, que ouça as sugestões de seus colaboradores e liderados, assim como também uma opinião profissional externa, isso pode fazer toda a diferença nas decisões.

Estamos vivendo em uma era de mudanças constantes no futuro e a mudança é o novo normal. Você deve se preparar para abraçar essas mudanças e contar com apoio de profissionais capacitados pode ser a melhor maneira de enfrentar esses desafios de frente.

Saiba tudo sobre o Pix e facilite sua vida

O Pix começa a funcionar nesta segunda-feira (16), com cerca de 30 milhões de pessoas cadastradas. O novo sistema de pagamentos instantâneos, desenvolvido pelo Banco Central, está disponível para clientes de 762 bancos, corretoras e instituições financeiras.

O sistema tem como principal objetivo aumentar a digitalização das transações financeiras no Brasil e, de acordo com o BC, a tecnologia deve aumentar a competição no mercado financeiro e reduzir a utilização do papel moeda.

Quais as vantagens?

O Pix está disponível 24 horas por dia, sem custos para pessoas físicas, todos os dias da semana. As movimentações são concluídas em menos de 10 segundos.

Quem pode utilizar o Pix?

Pessoas físicas e jurídicas, microempreendedores individuais (MEIs) e profissionais liberais podem utilizar o Pix.

O que é possível pagar com o Pix?

Já é possível fazer transferências, compras e pagamento de prestadores de serviço que também tenham o Pix. O Banco Central e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizaram um acordo do uso do Pix para pagar contas de luz.

Há um limite de transações?

Segundo o Banco Central, não há limite mínimo para pagamentos ou transferências via Pix. As instituições que ofertam o Pix podem estabelecer limites máximos de valor para reduzir riscos de fraude.

O que é a chave do Pix e como criar?

A chave do Pix serve como o endereço da sua conta no Pix. O registro das chaves do Pix deve ser realizado em um banco ou instituição financeira onde você tem uma conta, por meio do aplicativo do celular, internet banking ou nas agências. Cada instituição financeira deve informar como proceder em relação ao Pix. A chave de endereço pode ser um e-mail, CPF ou CNPJ, número de celular ou código de números e letras aleatório denominado de EVP.

É possível ter quantas chaves do Pix?

Cada pessoa pode ter cinco chaves para cada conta da qual for titular. Já os clientes Pessoa Jurídica podem ter 20 chaves para cada conta.

Como fazer transações com o Pix?

No momento de um pagamento ou envio de dinheiro, o Pix vai aparecer no aplicativo do seu celular como uma das opções. Basta escolher o Pix que a operação será feita por esse sistema. As empresas também poderão oferecer o Pix como forma de pagamento por meio de um QR Code.

Segurança

Fique atento com falsos links enviados por e-mail ou pelo WhatsApp. Use apenas os canais de comunicação oferecidos pelas instituições financeiras para realizar as transações.

O Pix é pago?

O serviço é gratuito para pessoas físicas. Mas pessoas físicas e MEIs poderão ser cobradas pelo uso do Pix quando usado para um produto ou serviço em uma atividade comercial por QR Code dinâmico; recebimento de transação por usuário pagador pessoa jurídica que inicia a transação por meio de QR Code estático, dinâmico ou outra forma de iniciação associada ao Pix Cobrança; e o recebimento de mais de trinta transações com Pix no mês também gera cobranças.

Para a pessoa jurídica, a instituição detentora da conta do cliente pode cobrar tarifa em decorrência de envio e de recebimento de recursos, com as finalidades de transferência e de compra. Quando da realização de um Pix na situação de transferência, o recebedor não poderá ser tarifado.

Pix no varejo e franquias

A maioria dos sistemas já estão cadastrados para gerar QR Codes e realizar as operações do Pix, mas caso ainda não esteja, o empreendedor deve procurar o fornecedor para a atualização do software do PDV. Em relação às franquias, o franqueado precisa entrar em contato com o franqueador.

Futuro do Pix

A previsão do Banco Central é que estabelecimentos comerciais poderão oferecer saques a clientes em 2021. A partir de janeiro deve ser lançado a plataforma FGTS Digital, nela o Pix poderá ser usado também para recolhimento do fundo.

3 pilares para uma gestão financeira eficiente

Uma das habilidades dos empreendedores é ser multitarefa mas, muitas vezes, para o sucesso da empresa, a delegação de algumas atividades garante a eficiência e a eficácia.

Terceirizar, em alguns casos, traz economia de tempo e maiores resultados, uma vez que certas operações não são o foco principal da empresa, como por exemplo marketing e algumas atividades administrativas ou comerciais.

Mas o grande sucesso de uma empresa, principalmente de pequeno e médio porte, é o total domínio da responsabilidade financeira.

Quando você busca a terceirização, mesmo que internamente, delegando para um colaborador ou uma pessoa de confiança, sem sua participação no processo e passa a não se importar com as análises geradas, isso pode resultar em consequências catastróficas.

Temos vários casos muito bem sucedidos de terceirização e, para inúmeras empresas, esse pode ser o melhor caminho. Por exemplo, a terceirização da área contábil é um grande sucesso, quando conta com profissional qualificado que orienta no controle tributário, trabalhista e obrigações acessórias.

O alerta é quando você depende do terceirizado para orientar e informar qual é a saúde financeira da sua empresa.

Desta forma, destacamos 3 pilares para uma gestão financeira eficiente. Veja abaixo:

Conheça sua empresa como ninguém

Por mais que você contrate um especialista, ninguém conhece as particularidades da sua empresa como você. Talvez você não tenha as técnicas ou estudos aprofundados de análise, mas você tem o domínio do seu negócio.

Você sabe como seu cliente gosta de ser atendido, as melhores formas de pagamentos para o seu segmento, seu preço ideal, o que o mercado pratica e inúmeras outras informações.

Tudo isso levou você ao patamar que está hoje. É evidente que conselhos e opiniões podem ser escutados, analisados, testados, mas o tomador de decisão deve ser você! Você é o responsável e precisa compreender todos os processos e números.

Controle seus números e processos

O controle das informações é peça-chave para o sucesso da empresa. Por isso, empresas de pequeno e médio porte precisam de processos e controle financeiro tão rigorosos quanto grandes empresas, garantindo assim uma administração adequada, evitando fraudes, desvios e principalmente a falta de fluxo de caixa.

Controle diariamente sua entrada e saída de caixa, faça as conciliações corretamente (não existe processo mais eficiente para verificar se está faltando informações) e acompanhe seus resultados nos dashboards disponíveis.

Verifique sempre se os números estão corretos, principalmente se estiverem sido alimentados por um colaborador ou terceiro.

Tome decisões embasado em números

Não existe mais a possibilidade de você estar no século XXI e querer tomar decisões de forma empírica.

Quando se tem, por meio de controles, números da realidade da empresa, suas tomadas de decisões são mais eficazes e inteligentes, uma vez que é possível identificar mais facilmente o resultado financeiro dessas ações, direta ou indiretamente.

Tendo a compreensão dos números financeiros, você consegue de forma mais clara enxergar o que está impactando no lucro.

Análises como margem de contribuição, ponto de equilíbrio, fluxo de caixa, curva ABC de clientes e produtos, indicadores financeiros, formação de preço, tendências de despesas, acompanhamento de metas, são apenas algumas que toda empresa deve monitorar mensalmente.

Por isso, esses três pilares, quando colocados em prática, transformam de forma simples uma gestão baseada no “achismo” em uma gestão estratégica, onde você toma as rédeas do seu negócio, controla seus processos e usa esses números a favor de sua gestão.

Fonte: ContaAzul

Alta dos preços é debate da população e da reforma tributária

Atualmente, o assunto mais comentado e sentido pela população é o aumento dos preços, seja de alimentos, seja de bens e serviços. Um dos responsáveis por esse acréscimo nos valores é a inflação, que acentuou em setembro, puxada pela alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis, e levou o mercado a rever as previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 – chegando, em alguns casos, a 3%.

Mas os tributos também assumem um papel importante nesse cenário de aumento de valores. No caso dos alimentos, os principais tributos incidentes são PIS, Cofins e IPI, no âmbito federal, e o ICMS no âmbito estadual.

Segundo Otávio Carvalho, advogado do escritório Dosso Toledo Advogados, a tributação deve obedecer ao critério da seletividade, de modo que, quanto maior a essencialidade do produto para uma dieta saudável aos cidadãos, menor deverá ser sua carga tributária.

“Para entender como isso funciona, a carga tributária média do pão francês, do arroz e do feijão é de 16,8%, 17,2% e 17,2%, respectivamente, enquanto produtos como cerveja, vinho importado e cachaça são tributados em 42,6%, 69,7% e 81,8%. Dessa forma, os produtos essenciais são menos impactados”, comenta.

Ainda assim, os tributos são somados aos alimentos e elevam os preços. O advogado afirma que a desoneração tributária sobre produtos essenciais é um dos pontos de crítica às propostas da reforma tributária, que não trata de forma efetiva a questão da retirada da tributação, mas, sim, propõe simplificar a cobrança.

“No entanto, não se pode perder de vista o fato de que o aumento do valor dos alimentos está intimamente relacionado à alta do dólar, uma vez que o preço do arroz, assim como o da soja, é indexado pelo dólar. Assim, havendo valorização da moeda americana, há tendência de alta no preço de tais alimentos”, explica Otávio.

O tributo passa a incentivar ou desestimular determinados padrões de comportamento e consumo dos contribuintes, de acordo com as necessidades da sociedade, da economia e do interesse público.

“Por exemplo, podemos citar o caso do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), incidente sobre a propriedade de imóveis urbanos, o qual possui alíquotas consideravelmente menores para imóveis edificados em comparação a imóveis não edificados (terrenos), tendo por objetivo desestimular a especulação imobiliária e estimular a utilização do imóvel dentro de sua função social, exigida pela constituição”, orienta.

IPI

O especialista também destaca o caso do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), “cuja redução ou isenção da alíquota vinha sendo constantemente utilizada para estimular a compra de veículos zero quilômetro, já que impacta diretamente no preço desses veículos e, consequentemente, com o aumento nas vendas, aquece a indústria automobilística”.


Hoje, há duas grandes propostas de reforma tributária em trâmite: a PEC 45/2019, que está na Câmara dos Deputados, e a PEC 110/2019, no Senado Federal, ambas com o objetivo de simplificar o Sistema Tributário Nacional, ao que se refere à comercialização de bens e à prestação de serviços, com a extinção de uma série de tributos para a criação/unificação do IBS (Imposto Sobre Bens e Serviços e do IS (Imposto Seletivo).

O IBS seria resultado da unificação do ICMS (estadual), ISS (municipal), IPI e Pis+Cofins (federais), enquanto o Imposto Seletivo incidiria sobre alguns bens e serviços específicos, como operações com petróleo e seus derivados, combustíveis e lubrificantes de qualquer origem, gás natural, cigarros e derivados do tabaco, energia elétrica, serviços de telecomunicações descritos no art. 21 da Constituição Federal, bebidas alcoólicas e não alcoólicas e sobre veículos automotores novos, terrestres, aquáticos e aéreos.

“Muito embora simplifique o sistema tributário, tal modelo ainda apresenta alguns pontos de incerteza, como, por exemplo, se culminará em um aumento ou em uma redução da carga tributária, notadamente aos consumidores finais, os quais sofrerão com o repasse dos tributos inseridos ao longo da cadeia” comenta Otávio.

Fonte: ComTexto

Estônia: o país da contabilidade do futuro (no presente)!

Com o sistema tributário mais simples do mundo, abertura de empresas em 2 horas, 99% dos serviços públicos digitais e educação pública de excelência (quarta colocada no ranking do Pisa), a Estônia tem chamado atenção do mundo todo.

Para entender o país, o ecossistema contábil e de tecnologia, é preciso olhar a história recente da Estônia e o modelo de desenvolvimento econômico da Estônia, composto por seis fatores (sociedade civil; vontade política; instituições e legislação; educação; empreendedorismo e investimentos; tecnologia):

1. Sociedade Civil

Durante a Segunda Guerra Mundial o país foi anexo e passou a ser parte da União Soviética. Em 1991, a Estônia readquiriu sua independência e se encontrou numa situação contraditória: se por um lado estava novamente independente, por outro, não dispunha de infra-estrutura moderna, recursos e modelo de gestão altamente burocrático, que a impediam de competir com os países da Europa ocidental.

Alguns estonianos dizem que aconteceu uma constatação que serviu como divisor de águas logo após os primeiros meses de independência. Ao se reabrir para o mundo do ponto de vista de publicação e análise de índices socioeconômicos, o governo do país constatou que a relação de PIB per capita entre Finlândia e Estônia era 1:1 em 1945 e de 275:1 em 1991! E vale lembrar que a Finlândia se manteve independente e com um sistema de economia de mercado nesse período.

Em 2018, após uma serie de reformas estruturantes e adoção da tecnologia no governo e setor privado, o PIB per capita anual da Estônia chegou a 18.000 Euros – um crescimento de 286 vezes em menos de 30 anos!

2. Vontade Política

A diferença gigantesca na renda per capita e a sensação de “ter parado no tempo”, junto com o sentimento de identificação nacional e autodeterminação estoniana serviu de motivação para mobilização da sociedade civil como base do modelo de desenvolvimento econômico. Um dos principais movimentos da sociedade civil organizada foi a criação de uma nova classe política, à época bastante jovem (Mart Laar foi eleito primeiro-ministro em 1992, 32 anos de idade), responsável pela elaboração de uma nova constituição e redesenho das instituições.

3. Instituições, legislação e políticas públicas

Quando se fala sobre Estônia e seu governo digital, a mídia coloca um foco talvez demasiado nos aspectos puramente tecnológicos. O mais importante é entender o conjunto de elementos que viabilizam essa estrutura, que passam obviamente por tecnologia, mas principalmente por elementos analógicos. Neste sentido, é reconhecido e cada vez mais divulgado pelos estonianos, de que é aspecto legislativo é que se encontra uma das grandes inovações do país.

Esta dimensão das instituições enxutas e legislação viabilizadora da desburocratização e digitalização é uma frente que oferece grandes oportunidades para o setor público no Brasil, pois um ditado famoso aqui na Estônia diz que: “Digitalizar a burocracia é transformar computadores em máquinas de escrever”.

4. Educação

No que se refere à educação, a maior universidade da Estônia (Universidade de Tartu) foi fundada em 1632 durante a ocupação sueca. Apesar e outros períodos de dominações, verificou-se uma relativa preocupação e investimentos em educação de longa data no país. Hoje, o modelo educacional da Estônia se baseia no ensino público (básico e superior) igualitário e de excelência. O país figura, atualmente, em #4 no ranking do PISA para ciência, leitura e matemática (sendo considerada a melhor educação do mundo ocidental) e em #1 em alfabetização financeira (também pelo PISA).

5. Investimentos e Empreendedorismo

Considerando que, no início da década de 1990, a Estônia se encontrava sem recursos e com infraestrutura precária, boa parte da estratégia de desenvolvimento regional esteve baseada em parcerias público-privadas, privatizações e atração de investimentos estrangeiros. Foram formados diversos consórcios e iniciativas entre governo e empresas para, por exemplo, viabilizar acesso à internet em todo o país (os bancos eram os maiores interessados nisso, pois desta forma, eliminariam a necessidade de instalar agências nos diversos vilarejos).

Além disso, foi dado enfoque significativo na construção de um ecossistema favorável ao empreendedorismo (em especial de tecnologia da informação e comunicação), com baixos níveis burocráticos (a abertura de empresas na Estônia leva em média três horas) e incentivos ao crescimento de novas empresas (principalmente nos aspectos fiscal e de exportações).

Para contadores e empreendedores brasileiros, a Estônia abriu suas portas e tem recebido milhares de interessados em se conectar com o país, com os objetivos de:

• Entender como atua um contador em um país com contabilidade simples e automatizada

• Regime tributário estoniano – considerado o mais simples do mundo pelo 6º ano seguido

• Aspectos da LGPD, já em vigor desde 2018, e como se adequar?

• Soluções inovadoras já em uso por contadores, desde sistemas como o XBRL GL como também aplicações de Blockchain e Inteligência Artificial

Além disto, àqueles contadores e empreendedores de outros segmentos com ambições globais, a Estônia disponibilizou o chamado Programa de Cidadania Eletrônica (e-Residency). Através dele, é possível se tornar cidadão digital estoniano e, com isto, abrir e gerir uma empresa remotamente. Atualmente, são mais de 60.000 e-residents e 10.000 empresas. Mais informações aqui.


6. Tecnologia

Como último componente do modelo de sociedade digital da Estônia temos, enfim, a tecnologia. As soluções fundamentais do modelo de governo eletrônico do país são:

ID Card: cartão individual com chip número único de identificação (utilizado para todos os acessos e serviços públicos). Obrigatório por lei, é responsável pela autenticação de usuários, permitindo, assim, o uso de sua segunda função – assinatura eletrônica com validade jurídica.

X-Road: trata-se de solução open-source de troca de informações entre diferentes bancos de dados (independente de suas arquiteturas), que permite a comunicação entre diferentes setores e repartições.

Quando combinadas entre si e com os elementos como a assinatura eletrônica, viabilizam a plataforma digital utilizada pelo governo estoniano. No topo desta plataforma, foram implementados e/ou disponibilizados 99% dos serviços públicos da Estônia (com exceção de casamento, divórcio e compra de imóveis).

Como próxima versão do modelo governo digital, tem-se trabalhado numa camada (batizada Kratt) adicional para a plataforma, a qual será responsável por incorporar inteligência artificial a boa parte dos 2.500 serviços digitais hoje disponíveis.

De fato, são as soluções de tecnologia no setor público que MAIS tem contribuído para aumento da exposição internacional da Estônia. Estrategicamente, o país produtizou sua expertise e hoje compartilha sua trajetória e suas metodologias com governos interessados em trilhar caminho semelhante de desburocratização, transformação digital e construção de uma sociedade da informação.

Atraídos por essas inovações e experiência de sucesso em digitalização, identificamos que brasileiros já visitavam a Estónia e buscavam se aprofundar em cada aspecto mencionado anteriormente, divididos em dois grupos:

• Os que vinham visitar, porém nem sempre faziam o devido aproveitamento (ficavam pouco tempo, vinham sem um contexto prévio, não dava continuidade).

• As que poderiam se beneficiar, porém não vinham por não ter nenhum contato com a Estônia.

Considerando todo o ecossistema da Estônia e nas oportunidades para empresas e cidadãos brasileiros, temos atuado como construtores de pontes entre Brasil e Estônia. Tudo isto visando fomentar parcerias para acelerar desburocratização, digitalização, internacionalização e educação e como resultado final, termos um país melhor e que concretiza todo seu potencial. Desta forma, surgiu o Estonia Hub e suas diversas iniciativas relacionadas a conteúdo, contatos e experiências.

Recentemente, anunciamos a “Capacitação Digital CooperCont para a Estônia” e estão todos convidados!

A iniciativa acontece de 09 a 20 de novembro, em formato 100% remoto e em parceria com a Cooperativa dos Contadores, com o seguinte formato:

• 10 dias de encontros ao vivo diretamente de Tallinn, Estônia, com as principais lideranças estonianas nos temas: Contabilidade Estratégica, Tributação, LGPD e Inovação Contábil.

• Tradução Inglês – Português.

• Apoio do Estonia Hub para continuidade de contatos visando explorar oportunidades identificadas.

Acesse o site oficial da Capacitação CooperCont Estônia e participe desta iniciativa exclusiva!

Autor: Raphael Fassoni é empreendedor e consultor de negócios internacionais.

Como a contabilidade pode auxiliar clientes frente a Covid-19?

A Covid-19 alterou a rotina de muitos contadores. Os profissionais passaram a ser solicitados para auxiliar os clientes na tomada de decisões e nas estratégias de negócios frente as novas normas e legislações.

Neste podcast, Ricardo Rios explica como os escritórios contábeis devem agir diante dessa nova demanda. Dê o play.

https://soundcloud.com/contabeis/contabilizando-07-contabilidade-e-a-covid-19

Moral e ética: objetivos principais da contabilidade

No ambiente científico, a contabilidade tem buscado se afirmar, definindo como seu objeto de estudo o patrimônio das entidades.

Conforme explica Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009, p. 34), “Os fatos estudados pela contabilidade no seu objetivo de fazer ciência normalmente são aqueles que são resultantes da ação humana no processo de gestão patrimonial das entidades […]”.

Por isso, em relação às resultantes da ação humana no fazer ciência contábil, “pode-se afirmar que se está à procura da função social das informações contábeis, de entender as relações de convivência social que elas podem propiciar”.

Como é a contabilidade quem faz a alocação de riquezas entre os agentes econômicos, a grande questão a ser enfrentada permanentemente é quais são os princípios morais que fundamentam tal transferência de riquezas. Ou melhor, se existe uma sociedade economicamente ativa como deve agir o contador?

Nos EUA, na crise de 1929, conhecida pelo crash no mercado de ações, a busca por regulamentação para remediar as adversidades foi um fenômeno desencadeado por alguns políticos que afirmaram que a evidenciação contábil inadequada foi parcialmente responsável pelo crash de 1929. (NIYAMA, 2013).

No Brasil, até o liminar do ano de 2013, os negócios envolvendo empresas e agentes públicos provocaram uma crise sem precedentes na história do nosso país, com conseqüências socioeconômicas e éticas de repercussão internacional, visto que impactou não tão somente a nossa sociedade, mas também o resto do mundo, visto que em economias modernas o capital aplicado nas empresas ao redor do mundo é oriundo de diversos locais do planeta.

Assim, não teve a alternativa o poder público a não ser criar mais alguns mecanismos, como a Lei nº 12.846, de 1º de Agosto de 2013. Lei Anticorrupção, mas também orientar empresas e agentes públicos no sentido de perceberem a importância da formação moral dos agentes econômicos, como o Programa de Integridade, previsto no Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015 que regulamenta a referida Lei.

À semelhança com o ocorrido nos EUA, em 1929, no Brasil, a partir de 2013, uma dose de desconfiança recaiu sobre a ciência contábil, no sentido de que talvez possa ter tido também sua parcela de responsabilidade sob tais conseqüências.

Logo, acredita-se que é também objetivo da contabilidade aplicar técnicas que garantam uma equidade nas relações de mercado. Porém, isso somente pode ser possível se integrada a uma teoria da moralidade, visto que é a moral quem nos diz o que devemos fazer, ou melhor, qual comportamento adotar para que determinada realidade aconteça, baseado em princípios.

Tendo em mente alguns fundamentos básicos da filosofia moral, acredita-se, e não há necessidade de ser um profundo estudioso à cerca do tema, que, na modernidade, fundamentalmente, ética não tem haver com uma tabela pronta do que se deve fazer. Por uma razão muito simples de ser entendida: uma vez que as situações que possam ser encontradas no mundo da vida são tantas e diversas, uma tabela não daria conta de evidenciar como agir em cada situação específica, e logo teria que ser remendada, para acomodar cada nova situação. .

Portanto, a moral, em contabilidade, deve minimamente, satisfazer o seguinte questionamento: Em, existindo uma sociedade economicamente ativa, como deve agir o contador?

Pois, se, é responsabilidade da contabilidade alocar recursos entre os agentes econômicos, quais serão os princípios morais que justificam tal transferência de riqueza? Qual seu local de nascedouro?

Nesse contexto, os princípios morais em contabilidade devem derivar da certeza de que a felicidade das pessoas que compõem essa sociedade economicamente ativa depende diretamente da justiça na forma como são realizadas e conduzidas essas operações envolvendo transferências de riquezas. Além disso, que essa sociedade é a parte maior e interessada em como essa riqueza de fato é distribuída.

Como se não bastasse isso, importa conhecer o profissional contábil dos impactos que a falta princípios morais, de equilíbrio e justiça nessas transferências podem ocasionar no seio dessa sociedade, afetando, de forma geral, diretamente a convivência e o bem-estar das pessoas, ou seja, a felicidade delas.

Nesse sentido, figura a ciência contábil também como ferramenta garantidora da aplicação de princípios éticos a cada transação econômica efetuada pela pessoa jurídica, com o objetivo supremo de evidenciar para sociedade, através de seus relatórios, se a moral equitativa de mercado, tão desejada por todos, realizou-se.

Do ponto de vista estritamente ético, não se consegue vislumbrar para o futuro outro objetivo mais nobre do que esse para uma ciência considerada social.

Em suma, vislumbra-se, pelo menos, um conjunto de princípios morais que fundamentem a transferência de riqueza entre os agentes econômicos, evitando que nenhum possa favorecer sua própria situação em detrimento de outro ou da própria sociedade.

O Contador e 75 primaveras

Nos dias atuais o impacto da pandemia do novo coronavírus só fez acelerar a transformação digital na qual profissional e profissão têm vivido. Logo, assim como nós tivemos que nos adaptar ao novo normal, com o trabalho em casa, a contabilidade da era digital está caminhando a passos largos para a virtualização.

Nesse breve contexto, onde o virtual sobrepõe o digital tendo em vista que o conceito de virtual está ligado à ideia de potência, do vir a ser posterior a era digital, que nas palavras de Pierre Lévy, pesquisador da inteligência artificial, ele afirma que o virtual não se opõe ao real, mas ao atual.

Isso mesmo, pois o virtual não se opõe a realidade dos acontecimentos, mas sim ao presente (atual), aqui subentendido como sendo a era digital.

Nesse prisma, a tecnologia é aliada inseparável da contabilidade seja para maior produtividade ou performance em agilidade e eficiência. A contabilidade caminha aceleradamente para a virtualização de seus procedimentos.

Mas porque estou falando de toda essa modernidade tecnológica? Simplesmente para trazer à baila a comemoração dos setenta e cinco anos do dia do Contador, comemorado em 22 de setembro.

Isso se deu em razão de que em 22 de setembro de 1945, o então presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-lei nº 7.988, que criou o primeiro curso de Ciências Contábeis no Brasil na Universidade Federal de Minas Gerais.

De lá para cá são setenta e cinco primaveras. São três quartos de século. E por falar em primavera é também em 22 de setembro que se comemora a estação das rosas. Rosa também é a cor da rubislite que é a pedra preciosa que representa a contabilidade.

Quanta coincidência para essa profissão que nas palavras do contador e atual presidente do Conselheiro Regional de Contabilidade de Mato Grosso, Paulo Rühling, diz que buscar a história é nos fortalecer para saber o quanto o contador é essencial para a sociedade.

Durante esses setenta e cinco anos a contabilidade brasileira vem passando por inúmeras transformações, em especial após a adoção das IFRS que são as normas internacionais de informação financeira e das IPSAS que são as normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público, fazendo com que a contabilidade no Brasil tenha um salto de evolução. Basta ver o SPED e a automatização de tarefas rotineiras.

A importância dessa profissão é tamanha que nos Estados Unidos os sistemas contábeis se integram diretamente à conta corrente da empresa, sendo possível ter acesso às movimentações bancárias em tempo real.

Mas para que toda essa importância fosse notada, seja no exterior ou no Brasil foi preciso muitas noites de sono perdidas por ilustres estudiosos e empreendedores da contabilidade, dentre eles podemos citar a exceção de, João Lyra Tavares, considerado o patrono da classe contábil, os seguintes vultos da contabilidade.

São eles, Warren Allen, foi por seis anos presidente do Conselho da Federação Internacional de Contadores, o IFAC; Antônio Lopes de Sá, o escritor que mais editou artigos e livros no Brasil e na Itália; Ana Maria Elorrieta, membro oficial do IFAC e Vania Maria Borgerth, contadora do BNDES, dentre outras personalidades.

Também não podemos deixar de falar dos bilionários contadores, tais como Phil Knight contador público nos Estados Unidos, co-fundador da marca esportiva Nike; JP Morgan, um dos banqueiros mais influentes de todos os tempos. E no Brasil para quem não sabe, temos o apresentador Silvio Santos.

Esses vultos acima mencionados, sejam do passado ou da atualidade servem como fonte de inspiração para que o contador da era virtual esteja sempre a frente de seu tempo, seja nas ideias ou no propósito de real aplicação da contabilidade como ciência em benefício da sociedade.

Até porque o contador capacitado, qualificado e com visão futurista pode ser um ativo valiosíssimo para as corporações e entidades.

Parabéns Contador! E que venha muitas outras 75 primaveras.

Uma reflexão sobre os impactos da tecnologia na Contabilidade

Observando o ritmo das inovações e a tendência mundial, é impossível não se surpreender com os rápidos avanços tecnológicos que vêm ocorrendo a cada dia. Trata-se de um processo irreversível, sinalizador de que entramos em um novo tempo. Esses avanços têm impactado quase todas as áreas da atividade humana, podendo ocorrer de várias formas e em várias magnitudes. Além disso, vale destacar que muitos deles ainda não são inteiramente conhecidos.

Sabe-se que, atualmente, o aperfeiçoamento intelectual e a atualização constante são indispensáveis em qualquer profissão, dada a velocidade com que as mudanças se processam. Assim, é preciso ficar atento à mudança no perfil dos profissionais, exigida pelo mercado. Maior qualificação técnica, visão de negócios e habilidades analíticas e de comunicação estão entre os requisitos essenciais exigidos pelo mercado. E, nessa rapidez das transformações, o profissional contábil está sendo chamado a sair do nível operacional e se aproximar de um nível mais estratégico nas organizações.

Conforme o relatório do Fórum Econômico Mundial, The Future of Jobs Report 2018, publicado em setembro de 2018, quatro avanços tecnológicos devem dominar os próximos quatro anos, influenciando positivamente o ambiente de negócios. São eles: internet móvel de alta velocidade; inteligência artificial; big data analytics; e a tecnologia em nuvem. Segundo a maioria das empresas que participaram da pesquisa, a adoção dessas tecnologias se dará de forma acelerada até 2022, demandando investimentos consideráveis.

Sem dúvida, são inúmeros os benefícios advindos do avanço da tecnologia. Aspectos como segurança, tempestividade e qualidade das informações estão em pauta a todo o momento. Com os dispositivos móveis e a tecnologia em nuvem, temos acesso imediato a um incontável número de informações, pessoas e serviços. Conhecemos mais, aprendemos e nos comunicamos rapidamente. Resolvemos problemas relacionados a trabalhos repetitivos e retrabalho, aumentando a precisão e os acertos. Há ainda um acesso mais fácil a lugares limitados aos humanos e avanços significativos no campo da ciência e da medicina.

Por outro lado, é preciso ter cautela com os riscos que também existem em qualquer processo de mudanças, especialmente pela velocidade com que estão ocorrendo. Chamada de quarta Revolução Industrial, essa fase de transição, que acorre rapidamente entre a Era Industrial e Digital, como todo período de grandes mudanças, tem o seu lado negativo. Questões como quais são os limites e controles da Inteligência Artificial (IA) e quem são os responsáveis pelos processos e pelas possíveis falhas que possam acontecer nos sistemas permeiam, constantemente, as discussões sobre o tema e se tornam cada vez mais sérias. Nessa última questão, podemos nos lembrar dos carros que se locomovem sem motorista, que já são realidade em alguns países – caso ocorra um acidente, quem seria o responsável?

Em pesquisa recente divulgada pela DigiCert, realizada com mais de 700 empresas de diversos setores dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Japão, a segurança (82%) e a privacidade (78%) aparecem como as principais preocupações das empresas que implementaram a Internet das Coisas (IoT). Entre as empresas que estão enfrentando dificuldades na segurança da IoT, 25% relataram perdas de cerca de US$34 milhões nos últimos dois anos; já nas que estão se saindo melhor com a segurança, os seguintes comportamentos-chave foram verificados: criptografia de dados, autenticação de dispositivos, cuidados com armazenamento e atualização.

De acordo com o relatório The Global Risks Report 2019, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, a vulnerabilidade tecnológica continua ocupando lugar de destaque no cenário de riscos globais. A Pesquisa de Percepção de Riscos Globais (na sigla em inglês GRPS) ressalta as preocupações sobre fraude de dados e ataques cibernéticos. Cerca de dois terços dos entrevistados entre as comunidades de participação do Fórum, as redes profissionais de seu Conselho Consultivo e os membros do Instituto de Gerenciamento de Risco esperam que os riscos associados a notícias falsas e a roubo de identidade aumentem em 2019. Segundo o relatório, ocorreram grandes violações de dados em 2018; foram ainda reveladas novas fraquezas de hardware; e pesquisas apontaram para os possíveis usos da IA para projetar ataques cibernéticos mais potentes.

É preciso enfatizar que, por se tratar de algo relativamente novo, a Inteligência Artificial ainda desperta muitos debates quanto aos aspectos éticos, sociais e morais que envolvem seu uso. Nick Bostrom e Eliezer Yudkowsky, em seu estudo The Ethics of Artificial Intelligence, destacam alguns critérios fundamentais que devem ser considerados em um algoritmo destinado a substituir o julgamento humano das funções sociais, sendo eles: responsabilidade, transparência, auditabilidade, incorruptibilidade e previsibilidade. Os autores salientam ainda que os sistema de IA não possuem status moral e, assim, as restrições morais a que estamos sujeitos nas nossas relações com esses sistemas se baseiam em nossa responsabilidade para com os outros seres.

No âmbito da Contabilidade inserida na Era digital, os princípios éticos fundamentais e o compromisso com a sociedade nos levam a uma reflexão sobre o que vem ocorrendo com os serviços de contabilidade “on-line”. Com início nos Estados Unidos e na Europa, a Contabilidade “Faça você mesmo”, em inglês Do it yourself (DIY), vem ganhando espaço no mercado brasileiro. Nessa modalidade, o empresário é responsável por incluir em um sistema interligado ao profissional da contabilidade todas as informações sobre as operações realizadas pela empresa, e é esse processo que tem despertado controvérsias, pois aumenta o risco de distorções nas informações produzidas pelo sistema, uma vez que a inserção dos dados contábeis não é realizada sob a supervisão direta de um profissional da contabilidade.

O contador, no papel de preparador das demonstrações contábeis e, também, o auditor, no papel de revisor dessas mesmas demonstrações, têm o compromisso público de levar toda a verdade aos usuários das informações produzidas. Esta é a postura que a sociedade espera do profissional da contabilidade e é, também, a única razão pela qual a profissão é regulamentada em lei.

Discorrendo sobre outros pontos que merecem destaque quanto aos riscos envolvidos no avanço tecnológico, destacamos a ameaça da utilização de máquinas que possam substituir a mão de obra; o alto custo financeiro que demanda a produção de equipamentos/sistemas com IA; a vulnerabilidade dos sistemas; e situações que violam os códigos de ética.

De modo particular, o ponto que se refere à perda de empregos tem despertado muitas discussões. Alguns estudos já estimam em que patamar isso aconteceria. O Instituto McKinsey, em estudo de 2017, simulou alguns cenários que indicam o impacto do avanço tecnológico em relação à rapidez de sua adoção. Seus resultados apontam que entre 400 e 800 milhões de indivíduos poderão perder seus empregos até 2030, tomando por base os cenários de adoção moderada ou adoção rápida da automação.

O Fórum Econômico Mundial de 2018 também explorou intensivamente esse tema. Segundo o estudo publicado por organizadores do Fórum, intitulado Towards a Reskilling Revolution: A Future of Jobs for All, somente nos Estados Unidos cerca de 1,4 milhão de empregos serão afetados pelas novas tecnologias até 2026, dos quais 57% pertencem a mulheres. Um lado positivo é que, com uma adequada capacitação, 95% dos trabalhadores em situação de risco seriam realocados no mercado. Assim, fica evidente a necessidade de que os trabalhadores se “reformem” para se adaptarem e minimizarem o risco de desemprego.

Tendo em vista que, nos últimos anos, a mídia vem trazendo uma visão negativa e ameaçadora dos impactos da tecnologia sobre a profissão contábil, é oportuno respondermos novamente a seguinte indagação: a tecnologia acabará com a profissão? A resposta é Não! E dizemos por quê. A inovação tecnológica está contribuindo para transformar, de uma vez por todas, a imagem e participação do profissional da contabilidade no mundo dos negócios, reforçando o seu papel estratégico na tomada de decisões. Vista como um sistema de informação acerca do patrimônio e das situações econômica e financeira da empresa, a Contabilidade se tornou um instrumento essencial na gestão. O desafio está em se preparar para assumir esse novo papel.

Além disso, em matéria intitulada “Mercado de trabalho: as profissões que mais devem contratar em 2019”, publicada recentemente (11/1) pela revista Veja, a profissão de contador aparece entre as que obtiveram maior número de contratações entre janeiro e novembro de 2018 – foram preenchidas 16.958 vagas. A matéria ainda destaca algumas profissões que devem estar em alta este ano, dentre elas as de especialista tributário e gerente de planejamento financeiro, que podem ser exploradas pelo contador.

É preciso estar claro que tarefas, como entender o cliente em suas necessidades; elaborar a política contábil de um empreendimento ou de instituições; e explorar dados e analisá-los cuidadosamente, de modo a transformá-los em planejamento, contribuindo para o desenvolvimento econômico, definitivamente não são e não serão atribuições de um robô.

Vale ressaltar que o CFC implementou várias ações no decorrer de 2018, com intuito de esclarecer que os avanços tecnológicos devem ser vistos muito mais como aliados do profissional da contabilidade, além de constituírem uma oportunidade de aperfeiçoamento e atualização contínua. Em palestras, artigos e entrevistas, temos difundido a ideia de que a profissão contábil não irá acabar para aqueles que souberam se reinventar e dominar as novas ferramentas tecnológicas de quarta geração.

Uma ação recente do Conselho Federal de Contabilidade foi criar uma Comissão Permanente para o acompanhamento das mudanças tecnológicas e de sua influência na profissão contábil, buscando analisar e tratar os impactos da inteligência artificial e vislumbrar horizontes para a nossa profissão. Aprovada pela Portaria CFC n.º 15, de 8 de fevereiro de 2019, a Comissão tem a atribuição de estudar e propor medidas para minimizar os efeitos negativos desse processo de intensas mudanças, ao mesmo tempo que buscará evidenciar e disseminar as melhorias trazidas por esses avanços para o aprimoramento e eficiência dos afazeres do profissional da contabilidade.

É natural que, como toda mudança, essas inovações venham acompanhadas de certa complexidade e, até mesmo, resistência por parte dos receptores. Mas, no decorrer do tempo, o profissional já está percebendo os vários benefícios gerados por essas novidades. Por exemplo, no campo operacional, os softwares de gestão contábil podem otimizar processos e facilitar tarefas rotineiras, deixando mais tempo disponível para que o profissional se dedique à maximização dos resultados da gestão. Ademais, no campo intelectual, as mudanças provêm a oportunidade de o profissional se ‘reformar’ a cada dia – a busca por uma educação continuada se tornará cada vez mais essencial nesse processo.

De fato, a quarta revolução industrial veio para auxiliar a profissão contábil e, não, destruí-la, e estreitar as relações entre a profissão e a academia será fundamental para atravessar esse caminho de intensas mudanças com êxito. Já com uma visão de futuro, um dos pilares da gestão do Conselho é investir no aprimoramento da educação e na capacitação dos profissionais. Não há outro caminho a não ser entrar nesse ritmo de aperfeiçoamento e inovações, e o profissional que não fizer isso ficará para trás e, provavelmente, terá que mudar de profissão.

Por Zulmir Ivânio Breda
Presidente do CFC